O estado emocional e a diabetes...
A ideia de que o estado emocional leva ao desenvolvimento do diabetes existe desde o século 17. Foi o médico inglês Thomas Willis que viveu entre 1621 e 1675 o primeiro relatar que algumas pessoas quando passavam por estados de tristeza ou estresse profundos desenvolviam diabetes.
Antes, precisamos entender o que é o estresse...
O estresse normalmente é definido como um conjunto de reações no corpo em resposta a algum fator que esteja desencadeando o desequilíbrio do organismo.
As causas do estresse podem ser classificadas em dois grupos: as internas e as externas. As causas internas são aquelas ligadas às características pessoais de cada indivíduo. Já as causas externas são causadas por mudanças, como é o caso de separação ou morte de um ente querido.
O nosso corpo, quando submetido ao estresse, responde passando por várias fases diferentes. A primeira fase consiste de uma resposta de alarme (resposta de lutar ou fugir), na segunda fase há a resistência ao estresse e a última fase é a de exaustão. Existe também a situação de antecipação ao estresse, que acontece quando o corpo responde antes a uma determinada situação, sem que necessariamente ela tenha acontecido, mas que igualmente causa os sintomas do estresse.
O que predomina no estresse são os sintomas de alarme que vão levar à alterações comportamentais e físicas. As alterações comportamentais podem ser de humor: baixa alta estima, ansiedade, depressão, sensação de irritabilidade ou isolamento. Os sintomas físicos incluem tremores, dores musculares, diarreia ou constipação, náuseas e taquicardia. O estresse também pode alterar os hábitos da pessoa: como comer mais ou comer menos e dormir mais ou menos. Já na fase de exaustão, o corpo começa a não responder mais ao estresse e a depressão pode surgir ou se agravar.
O estresse emocional aumenta o risco de desenvolver diabetes por várias razões. A primeira razão tem causa hormonal: o estresse crônico aumenta o nível do hormônio cortisol, que ocasiona dentre outras coisas o aumento da gordura abdominal e que por sua vez aumenta o risco de diabetes.
A segunda razão é justamente através do comportamento da pessoa. Existe uma clara relação entre o estresse emocional e hábitos de vida ruins, como alimentação errada (mais comida ou comida de qualidade ruim), sedentarismo, cigarro e alcoolismo. Os estudos indicam um caminho em comum: aquelas pessoas com altos níveis de estresse também desenvolvem hábitos comportamentais danosos que somados aumentam o risco de uma pessoa desenvolver diabetes.
O recado importante é que o diabetes apresenta várias causas, e o conjunto destas causas é que vai determinar se uma pessoa irá desenvolver a doença ou não. Sedentarismo, obesidade, aumento de gordura abdominal, erros alimentares e estresse por longos períodos podem levar ao diabetes. Como combater? Melhorando qualidade de vida e tendo acompanhamento profissional adequado para identificar e tratar o estresse, com seu médico especialista e psicólogo.
O acompanhamento psicológico a estes pacientes torna-se muito importante, pois proporcionará uma elaboração dos aspectos emocionais da doença e com isso minimizará os sofrimentos psíquicos.
O trabalho psicológico com o paciente diabético pode realizar-se individualmente ou em grupo, ambos têm como objetivo a elaboração e aceitação da doença para obtenção de uma melhor qualidade de vida.
Com a contribuição do trabalho psicológico em grupo, as crianças e adolescentes diabéticos passam a não se sentirem sozinhos e a construir uma estrutura de personalidade não debilitada devido a doença.
Como todos sofrem de problemas semelhantes, enfrentam as mesmas necessidades, há no grupo um forte nível de solidariedade. Uns se enxergam através dos outros. Os pacientes sentem-se protegidos e amparados. O grupo ajuda a combater a alienação, baixa auto-estima e desmoralização que ocorrem quando o indivíduo sente-se a única pessoa afligida pela doença. (Graça & cols., 2000, pp. 216-217)
Donata Regiane de Souza
Psicóloga – CRP 100347